domingo, 27 de maio de 2007

O Banquete.


Mestre Leitor. Saudações. Os Contos O Visitante, Millena, A Dama Branca, Recados, A Santa do Arouche e Gallore. Fecham a primeira face de “Contos e Gatos”.
Agora, me deixe guiá-lo por lugares escuros e sombrios. Lugares que só conhecemos no pior dos pesadelos ou no fundo de nossas almas.”
Boa Leitura.


Ai vem eles. De todas as nacionalidades. De todas as línguas. Eu apenas os observo. Fico de longe. Eles entram aos grupos. Casais em lua de mel, casais com seus filhos, grupo de moças, rapazes em busca de aventura no pais onde tudo é permitido. Só não sei se eles sabem, O que eles querem geralmente se acha no litoral. O que eles querem em são Paulo no inicio do inverno? Mas não me preocupo. No final eles vêm a mim.
“Ping”
Soa a campainha.
- Rapaz!?
O gerente acena com a mão em minha direção. Eu fico puto com isso. Tenho vontade de arrancar a mão desse filho da puta. Mas ainda não é possível. Mas um dia desses...
-Rapaz, leve os cavaleiros ate a suíte máster. Por favor.
Uso o que aprendi no treinamento. Apenas aceno com a cabeça sempre com um sorriso. Coloco suas malas no carrinho. São poucas, mas não vou me matar por esses idiotas europeus com cara de salsichão. No elevador e no corredor vou ouvindo as piadinhas. O maior erro dos gringos e pensar que brasileiro é idiota. Acham que falando em inglês não vou saber o que estão conversando. Eles são em três. O mais velho parece ser o líder e diz que vai ser a maior putaria. Que as brasileiras não podem ver um estrangeiro, que logo vão abrindo as pernas. Eu apenas escuto outro diz que já ouviu historias sobre as cariocas. Esse idiota não sabe onde esta. Eu apenas escuto. O terceiro é o mais alto e o mais novo de todos e o alvo de suas piadinhas é meu uniforme. “Olha que roupa de viadinho. Acho que vou comer esse ai Antes de irmos embora”. Meu sangue ferve. Mas por agora eu apenas escuto.
- It is here.Mrs.
Abro a porta do quarto para eles. Sigo o manual. Mostro tudo para eles e digo se precisarem de alguma coisa eu estaria às ordens. Em inglês. É claro. Mesmo assim ouvi piadinhas. O mais velho me da vinte dólares.
-Gracias.
Respondo do mesmo jeito.
- De nada. Señor.
Seria fácil. Afinal são apenas três. Não! Tenho que ser paciente. E também o corredor esta cheio de câmeras. Não vale a pena se arriscar por esses cretinos.
Trabalhar em um hotel cinco estrelas tem lá suas compensações. Dá para conhecer muita gente boa. Gente descente. Mas é um ótimo lugar para a caça. Como eu já disse, todo o mundo passa pela portaria. Alemães, japoneses, americanos e por ai vai. Alguns são finos e educados. Sabem tratar as pessoas com educação. Não importando se são hospedes ou trabalhando. Felizmente para nos. Eles são minoria. Todo gringo acha que estamos aqui para servi-los como se fossemos escravos. Grande, grande erro.
A semana passa sem mais atritos. Vejo os “amigos” na piscina. Observo de longe. Mas da para ver tudo que fazem e falam. A garota responsável pelas toalhas passa correndo por mim. Um dos idiotas apalpou sua bunda. “Sem querer”.Calma, meu velho. Calma. A hora deles vai chegar. Sempre chega.
Sexta-feira. É quando as coisas acontecem. Durante todo dia a piscina e a academia ficam lotadas. Todos acham que da para ficar em forma em apenas um único dia. Tolice. E assim durante todo dia. À noite eles desfilam pelo Hall. Roupas caras e corpos bronzeados. Os serviços de Táxi e acompanhantes trabalham sem parar. Eu sei meu lugar nisso tudo. Do lado de fora do hotel. De longe sinto o cheiro deles. Minha labuta diária acabou. Finjo atravessar a rua.
- Hei Amigo.
Olha por cima do ombro. É o mais velho que me chama.
- Sim em que posso ajudá-los?
Ele tentar conversar usando uma mistura de português e espanhol.
- Aonde puede encontrar a algunas muchachas? nosotros pagamos bien!
Uma breve conversa, ele me explica que quer umas garotas. O mais novo é seu irmão. E que quer dar a ele a melhor trepada de sua vida. E nada mais legal que uma garota brasileira para isso. E que “El dinero” não era problema. Eu finjo relutar, mas acabo concordando. Eu os levo para um show na rua Aurora. Eles adoram. Ganhei a confiança deles. Mas eles querem mais. Eles sempre querem. Ofereço um lugar alternativo a eles. O lugar ideal para a tal trepada. O táxi nos leva ate a boca do lixo. Um prédio na General Osório. Nos entramos. eles não demonstram medo. O sangue de suas cabeças esta em outro lugar. A musica é alta. O lugar esta cheio. É uma garagem abandonada. Uma morena se aproxima de nos.
- Senhores, essa é Joanna. Espero que esteja a altura do seu irmão.
Tudo que ele consegue dizer é um sonoro
- My God. Thank’s man!
A Bela Joanna arrasta o garoto para o canto escuro. Eu olho em volta e vejo que eu não fui o único a trazer carne fresca. O lugar esta cheio de gringos. O jantar esta servido. A lua alcança o centro do céu sua luz prata entra pela clarabóia. Chegou à hora. Todas luzes e o som são desligados. Apenas a luz da lua enche o lugar. Agora podemos ser quem realmente somos. Deixo o lobo sair. Sinto meu corpo e meus pelos que começam a crescer, Minhas garras tomam o lugar das unhas. Sinto o meu rosto afocinhar, já não vejo as cores. tudo agora esta cinza e preto. Mas vejo o coração batendo levando sangue e adrenalina. Isso deixa a carne macia. Em dez minutos a transformação esta completa. Agora sou o que chamam de lobisomem. E quer saber? Eu adoro isso. Olho outra vez em volta, o lugar esta cheio de Licantropos. Nossa líder Joanna é a mais sádica, ela gosta de se alimentar ouvindo os gritos de sua caça. Falando em caça, um deles correu, não importa. E o mais velho que eu quero. Ele olha para mim e grita vejo as lagrimas salgadas rolarem. Jóia. Temperada. Hummmm. Delicia. Não sou como nossa líder. Eu ataco. Sinto um de seus olhos azuis estourar em meu dente. Corto ossos e nervos com minhas garras. O sangue quente jorra. O prazer da caça.
- Auuuuuuuuuuuuuuu!
Tudo que é bom acaba. O sol reclama o sue lugar no céu. Tudo acabou. Voltei à condição lastimável de humano. Mesmo nos temos regras. Se livrar dos ossos e de tudo que possa dar sinal de nossa existência. E podemos ficar com que quisermos. Dinheiro, jóias coisas assim. Eu queimo os ossos, os passaportes e qualquer evidência de existência dos gringos. Volto ao trabalho. Na recepção vejo o gerente ligando para a policia. Os gringos fugiram sem parar.
- Nossa, que coisa hein seu Amaro.
- Pois é meu rapaz. Não se pode confiar em ninguém.
Ele tem razão. Não se pode confiar em ninguém. Principalmente em noites de lua cheia. Enquanto a lua não vem, eu vou ate a pajé comprar um videogame novo. Afinal eu tenho dois mil dólares. Que os gringos me deram pela noite de ontem.
Auuuuuuuuuuuuuuuu.


MH: Respeito e educação cabem em qualquer lugar. E fique longe de festas na boca do lixo.




2 comentários:

Tin disse...

Nem vou comentar sobre a matilha...seria interessante demais se todo gringo idiota tivesse um fim desses! =P

Agora, que existem gringos idiotas como esses de seus contos que acham que Brasileira é tudo sacana e só serve para trepar, isso é a mais pura verdade. Ainda bem que existem também os gringos decentes.
Gostei muito Marcello, quero ver os próximos...a propósito te coloquei nos blogs lá no meu bloguinho. beijo!!

Unknown disse...

Gostei Marcelão, o melhor de tudo é ver que foi seu mesmo, foi como um diário. hehehe...

Continue escrevendo...que eu continuarei lendo.

Abraço.

Lopes